segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Novos compromissos mundiais contra a fome e a desnutrição

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Novos compromissos mundiais contra a fome e a desnutrição

Mais de 2.200 representantes de 170 países, reunidos na Segunda Conferência Internacional sobre Nutrição (CIN2), aprovaram recentemente importantes instrumentos encaminhados a erradicar problemas como a fome e a obesidade.


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Durante a conferência, realizada de 19 a 21 de novembro na capital italiana, os delegados assumiram o compromisso de tomar medidas concretas para reverter a incidência de flagelos que, 22 anos após a primeira cimeira sobre o tema, continuam afetando grande parte da população mundial.

“Chegou o momento de atuar com decisão para assumir o desafio da Fome Zero e garantir nutrição adequada para todos”, expressou o diretor geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), José Graziano da Silva.

Segundo afirmou o representante do organismo internacional, a reunião de Roma destacou o início de um renovado esforço e será reconhecida por ter convertido a nutrição em um tema público.

A sua vez, Oleg Chestnov, subdiretor geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), ressaltou que a CIN2 foi o primeiro evento desse tipo dedicado a abordar a desnutrição em todas as suas formas, da fome até a obesidade, com compromissos políticos qualificados como metas pelo alto funcionário.

Por meio dessas palavras, os representantes das duas entidades encarregadas de organizar a conferência reconheceram os avanços alcançados nos três dias de sessões, em momentos nos quais o acesso aos alimentos e à saúde nutricional permanecem como prioridades globais.

Fome, desnutrição e obesidade

Cerca de 805 milhões de pessoas vivem hoje em condições de fome crônica no mundo, pois os progressos registrados durante os últimos anos são modestos e desiguais, reconheceram os convocados à conferência.

De acordo com vários oradores, existe profunda preocupação pelo fato de que apesar dos significativos êxitos alcançados por muitos países na erradicação da fome, de 2012 a 2014 o número de atingidos por esse mal continuava em níveis elevados.

Ao mesmo tempo, a desnutrição constitui a primeira causa de morte entre crianças menores de cinco anos, pois durante 2013 provocou 45% das mortes registradas nessa faixa etária, e a desnutrição crônica golpeou 161 milhões de crianças e a aguda outros 51 milhões.

Centenas de ministros e integrantes da sociedade civil e da comunidade empresarial, entre outros delegados, indicaram que no ano passado se registraram 42 milhões de menores afetados pelo sobrepeso, enquanto em 2010, mais de 500 milhões de adultos tinham obesidade.

Os participantes à CIN2, que teve convidados como o papa Francisco, a rainha Letizia da Espanha e o rei Letsie III de Lesotho, também reconheceram que, embora os riscos alimentares incidam em todos os grupos socioeconômicos, existem fortes desigualdades, tanto entre países como dentro de uma mesma nação.

“Reconhecemos que as situações bélicas e pós-bélicas, as emergências humanitárias, as crises prolongadas, incluídas as secas, inundações, desertificação e pandemias, comprometem a segurança alimentar e a nutrição, manifestaram.

Destacaram também a necessidade de fazer frente aos efeitos da mudança climática e outros fatores ambientais que incidem na quantidade, qualidade e diversidade dos alimentos produzidos.

“Somos conscientes de que a desnutrição afeta o bem-estar das pessoas ao repercutir negativamente em seu desenvolvimento físico e cognitivo, comprometer o sistema imunológico, aumentar a suscetibilidade a doenças, limitar a realização do potencial humano e reduzir a produtividade”, acrescentaram.

Medidas concretas

Para vencer os riscos que supõem todos esses fatores e levar a cabo estratégias sólidas que revertam os índices negativos, os Estados participantes aprovaram a Declaração de Roma.

Com esse instrumento os governos se comprometeram a prevenir a desnutrição em todas suas formas, incluindo a fome, as carências de micronutrientes e a obesidade, bem como a aumentar os investimentos para melhorar a produção de alimentos e a distribuição equitativa.

O texto esteve acompanhado por um Marco de Ação, no qual se recomendaram 60 iniciativas que as autoridades podem incorporar em seus planos nacionais de saúde, agricultura, educação, desenvolvimento e investimento.

Além disso, foram propostas metas como reduzir em 40% o índice de menores de cinco anos que sofrem atraso no crescimento, em 50% o de mulheres em idade reprodutiva que sofrem anemia e em 30% o dos bebês com baixo peso ao nascer.

Outros objetivos que se fixaram incluem aumentar em 50% os índices de aleitamento materno nos primeiros seis meses de vida, e diminuir em 30% o consumo de sal, açúcares, gorduras animais e as chamadas trans. Tanto a declaração como o marco comprometeram os líderes mundiais a estabelecer políticas destinadas a erradicar a desnutrição e a transformar os sistemas alimentares com vistas a que as dietas adequadas estejam disponíveis para todos.

Como essas metas precisam de um financiamento adequado, a FAO criou um fundo fiduciário para apoiar projetos e programas dirigidos a promover sistemas sustentáveis e um comércio que melhore a nutrição, aumente a informação nutricional e eleve a segurança alimentar.

A fim de assegurar a prestação de contas após a CIN2, o fundo ajudará também aos países a criar mecanismos sólidos para o acompanhamento de seus compromissos na área.

Temos adiante a década da nutrição, apontou o diretor geral da FAO no encerramento do evento, e enfatizou que esse tema ocupará um lugar destacado na agenda de desenvolvimento pós-2015 da ONU.

Fonte: Prensa Latina

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