sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Brasil tem 2,8 milhões de crianças e adolescentes fora da escola

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Brasil tem 2,8 milhões de crianças e adolescentes fora da escola

Em todo o país, 2,8 milhões de crianças e adolescentes, ou 6,2% dos brasileiros entre 4 e 17 anos, estão fora da escola. Isso é que mostra um levantamento divulgado nesta terça-feira (19) peloTodos pela Educação, que levou em conta dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2014.
A reportagem é de Marcelle Souza e publicado pelo portal Uol, 20-01-2016.
A partir deste ano, as redes de ensino estão obrigadas a incluir alunos de 4 e 5 anos, segundo a meta 1 do PNE (Plano Nacional de Educação) e uma alteração de 2013 na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). As normas regulamentaram a mudança feita na Constituição por meio da Emenda Constitucional nº 59, de 2009. Os números divulgados hoje mostram que a universalização, porém, não deve ser cumprida este ano.
"O Brasil tratou com descaso a educação durante séculos e está tentando recuperar essa dívida histórica nos últimos 25 anos, é um período muito curto", afirma Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos pela Educação.
Para Ângela Maria Costa, professora do curso de pedagogia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o número também reflete problemas de gestão. "Os municípios não se prepararam para o cumprimento da lei. Eles tinham desde 2009 para fazer isso, mas todo mundo ignorou", afirma.
Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, pais e governos podem ser responsabilizados por criança fora da escola.
Um problema apontado pela pesquisa é que a porcentagem dos alunos fora da escola é distribuída de forma desigual. O Norte, por exemplo, tem o menor índice de inclusão de crianças e adolescentes na escola: 91,9%. Na outra ponta está o Sudeste, que atende 94,9% de 4 a 17 anos.
"No Brasil, temos uma desigualdade que é profunda e persistente e as ascensões sociais são muito voláteis. Para criar uma sociedade com distribuição mais justa, é preciso garantir educação de qualidade principalmente para os mais pobres. Os Estados mais pobres têm mais problemas de acesso e qualidade na educação, então 100% das políticas educacionais precisam ter foco na desigualdade educacional", diz a presidente do Todos.
Desafio na pré-escola
Cruz afirma que, somados aos problemas regionais, está a necessidade de diferentes estratégias para cada etapa de ensino. "Na faixa de 4 e 5 anos, é um desafio dos municípios, já que eles que são os responsáveis por essa etapa, de criar essas vagas, oferecer transporte, merenda, e está mais ligado a insumos, financiamento".
MEC (Ministério da Educação) disse que tem ajudado os municípios a colocar mais alunos na educação infantil. "A meta de universalização deve ser cumprida. Há uma parcela ainda de estudantes fora da pré-escola e há projetos para tornar mais acessível a ampliação de escolas e atingir a meta", disse o secretário da Educação Básica do MEC, Manoel Palácios, em entrevista ao UOL no início deste mês.
Para a professora da UFMS, além da quantidade de alunos na escola, é preciso pensar também na qualidade da educação. "A pré-escola não pode ser escolarização precoce. A criança só pode aprender de verdade a ler e a escrever aos seis anos. Mas, sem qualificação dos professores, [os municípios] vão querer botar as crianças para escrever", diz. "A pré-escola está preocupada com outras expressões, a artística, a corporal, a musical. Aprender a ler e escrever é consequência".
Abandono no ensino médio
Apesar da meta garantir a inclusão dos alunos de 4 e 5, já que o ensino já era obrigatório de 6 a 17 anos até o ano passado, o grande problema são os adolescentes. De acordo com os dados, 17,4% dos jovens de 15 a 17 anos estão fora da escola. Nessa faixa etária, os grandes problemas são o abandono e a reprovação.
"No ensino médio o desafio é outro, porque temos um o grande problema de abandono escolar. Para esse jovem do século 21, a forma de fazer ensino médio no Brasil é anacrônica e expulsa de cara 10% dos alunos no primeiro ano", afirma Cruz.
Os números também apontam, que apesar dos desafios, houve melhora no acesso à educação: há mais pobres, negros e pardos e moradores de zonas rurais na sala de aula. "É importante destacar e celebrar que o Brasil avançou justamente em relação às populações mais vulneráveis. A gente melhorou, está no caminho correto, agora precisa acelerar mais ainda", afirma Cruz.

Um comentário:

  1. Interesante observar que de 2010 a 2015 mais de um milhão de crianças foram incorporadas na escola. Segundo os dados do censo de 2010, segundo UNICEF, no portal Criança Fora da Escola não Pode, eram 3.8 milhões ha 5 anos. Os estudos estatísticos sao importantes se interpretamos eles desde uma perspectiva comparativa. Também é importante resaltar as experiencias que estão sendo desenvolvidas para incorporar essas crianças nas escolas, como o programa mencionado de UNICEF junto a UNDIME, MEC. Este ano esta sendo lançada uma iniciativa piloto em 20 cidades do país para tentar contribuir com este grave problema.

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