domingo, 5 de outubro de 2014

A SAGA DE UMA NAÇÃO DE ESPERTOS


A SAGA DE UMA NAÇÃO DE ESPERTOS

por Teobaldo Witter
05/10/2014
 

foto: mimi sato

Havia épocas, na década de 1990, em que  o movimento popular de direitos humanos possuía uma comissão de ética na política.  Entre outras atividades, a comissão se metia a fiscalizar a compra e venda de votos, em época de campanha eleitoral. As fiscalizações eram feitas “in locu”, caminhando pelos bairros próximos às zonas eleitorais. Vimos, presenciamos, denunciamos corrupção eleitoral.  
No ano 2000, por exemplo, no dia do pleito político, caminhamos pelos bairros da capital, de manhã cedinho até ao entardecer.  Por volta das 9h daquele domingo de eleição, em grande movimentação pelas ruas e bairros próximos á Escola Presidente Médici, vimos movimentos de entra e sai gente em uma casa nos fundos da escola. Aproximamo-nos um pouco mais, mas desconfiaram de nossa dupla de caminhantes. Logo, em outra rua próxima, alguém veio caminhando atrás de nós com uma barra de ferro meio camuflada entre a suas mangas compridas, na camisa. Desconfiamos que este assunto seria conosco. E nos aproximamos da movimentação da escola, nos misturando em meio aos votantes. Entramos num ônibus e fomos mais para o centro da cidade. Desembarcamos e, do orelhão, telefonamos para o comitê popular central que acionou a polícia.
Com a missão cumprida neste ato, tomamos fôlego e fomos até Várzea Grande. Desembarcamos na Escola Licínio Monteiro da Silva, no centro, próximo ao aeroproto. Na camisa colamos uma praguinha que dizia: “NÃO VENDA SEU VOTO!” Na parada de ônibus próximo à zona eleitoral, um grupo de pessoas olhou para a nossa praguinha e nos saudou, dizendo: “Vocês dos direitos humanos deveriam morrer todos”.
Perguntei com a maior tranquilidade: por que um pastor e um padre deveriam morrer? 
Sem rodeio, responderam: Esses políticos roubam durante 4 anos e, quando nós podemos pegar um pouco do dinheiro, vocês dos direitos humanos são contra!
Por que é tão difícil acabar com a corrupção? 
Pe.José tem Cate e eu fizemos as nossas análises, no caminho de combate à corrupção eleitoral. E nos lembramos de uma reflexão do Zeca Gaede.  Segundo ele, a relação do povo com os políticos é a relação de caçador com fêmea. O caçador ameaça matar “os dos direitos humanos”, mas não machuca a fêmea, isto é, o político corrupto. O caçador sabe que precisa da fêmea para reproduzir filhos que ele vai caçar durante os 3 meses  de campanha eleitoral.. 
Levando para o nosso mundo eleitoral, a fêmea, isto é, o político corrupto, se prostitui durante quadro anos, juntando cria aqui e ali. Depois dos 4 anos, vem 3 meses para parir e dar cria. Com as crias, frutos da prostituição política, compra votos para, depois, continuar o ciclo de comprar e vender votos. E o caçador, que é a parte do povo corrupto, acha que faz um bom negócio, vendendo o seu voto.  Não sabe o infeliz que ele faz um mau negócio,  pois, desta sua corrupção vem a escassez de saúde, de educação,  de infraestrutura, de segurança. Ele arrasa a dignidade humana e o bem estar social.  E a nação de espertos vira uma nação de miseráveis corruptos.   No Mato Grosso, nesta eleição, não escapa nenhum candidato. O esperto é um malandro corrupto.

                                  Teobaldo Witter

Nenhum comentário:

Postar um comentário