sábado, 16 de agosto de 2014

Estados Unidos vivem onda de protestos antirracistas

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Estados Unidos vivem onda de protestos antirracistas

Após policial branco assassinar jovem negro e passar impune, o que se houve nas ruas norte-americanas é "sem justiça não haverá paz".


Da redação do Publico.es
Publico.es

Distúrbios, gás lacrimogêneo, manifestações e saques. Os Estados Unidos voltam a viver uma explosão de violência social provocada por um crime racial. A comunidade negra de Ferguson, um subúrbio de Saint Louis, no Estado de Missouri, encontra-se há quatro dias nas ruas por causa da morte do jovem negro Michael Brown, abatido por um agente policial.
 
As desigualdades econômicas, aliadas à questão racial, são terreno fértil para tais explosões, principalmente em tempos de crise econômica. Existiram muitas ondas de violência similares nos últimos anos e, em todas, o detonador foi o mesmo: um agente da repressão branco agride ou mata um negro impunemente.
 
"Sem justiça não haverá paz" ou "basta de policiais assassinos" ouve-se, por estes dias, nas ruas de Ferguson. A morte do jovem, que tinha 18 anos e ia começar a universidade, sacudiu uma localidade de 21.000 habitantes, que na última década viu a minoria afro-americana passar a representar dois terços dos moradores. Só três dos 53 agentes da Polícia de Ferguson são negros, enquanto dos seis membros do Conselho Municipal só um não é branco.
 
As autoridades dizem que Brown, 18 anos, foi baleado depois de uma luta. Mas ainda não está nada claro sobre o que realmente aconteceu no sábado. Segundo a versão do chefe da polícia do condado de Saint Louis, Jon Belmar, tudo começou quando um agente da polícia - ainda não identificado - encontrou Brown e “outro indivíduo” numa rua. Um deles empurrou o agente, que se encontrava dentro do carro, e "atacou-o". O agente ter-se-ia defendido disparando sua arma.
 
O "outro indivíduo" é Dorian Johnson, que assegurou a uma televisão local, a WALB, que ele e Brown tinham ido a uma loja e caminhavam de regresso a casa quando um oficial lhes pediu que deixassem de andar na estrada e fossem para o passeio. Johnson diz que continuaram a caminhar por onde tinham vindo e que isso fez com que o policial se sentisse provocado e saísse da viatura. “O policial disparou, nos assustamos e preparamo-nos para fugir. Depois voltou a disparar, meu amigo ouviu o tiro, virou-se e levantou as mãos. O agente aproximou-se e deu-lhe um tiro no peito. Não fazíamos mal nenhum, estávamos completamente desarmados”. Brown caiu morto a 10 metros da viatura.
 
Em três dias, os distúrbios provocaram mais de 45 detenções, saques, uso de gás lacrimogêneo por parte da polícia e restrições de voo sobre a localidade. Entre os últimos incidentes, ocorridos na quarta-feira, há a detenção de dois jornalistas e de um vereador que cobriam as manifestações através das redes sociais. A polícia local, com uniforme e veículos de aparência militar, voltou a usar gás lacrimogêneo para dispersar os protestos. Alguns manifestantes asseguraram terem sido atingidos por balas de borracha. Os agentes alegaram ter sido atacados com coquetéis molotov.
 
Os pais do jovem pediram aos manifestantes, através da comunicação social, que levem a cabo o seu protesto de forma pacífica, porque assim quereria o seu filho, um jovem que descrevem como tranquilo. "Violência não, só justiça", disse aos jornalistas a mãe de Brown, Lesley McSpadden. A família de Brown escolheu o mesmo advogado que representou a família de Trayvon Martin, Benjamin Crump, que ontem criticou de imediato a decisão da polícia de não revelar o nome do agente que matou o adolescente em Ferguson.
 
Barack Obama disse: “a morte de Michael Brown é de partir o coração, Michelle e eu enviamos as nossas mais profundas condolências à sua família e comunidade nestes tempos tão difíceis". Obama disse que "os acontecimentos dos últimos dias levaram a fortes paixões”, mas exortou todos em Ferguson e em todo o país para lembrar "este jovem através da reflexão e da compreensão".
 
O grupo de legisladores afro-americanos do Congresso pediu ao Departamento de Justiça que investigue exaustivamente a morte do jovem Brown. Martha Fudge, legisladora negra, assegurou que "teve provas de discriminação racial no departamento no passado recente". Para Fudge, só as autoridades federais têm "a experiência e os recursos" suficientes para abordar este caso. As autoridades locais e o FBI iniciaram duas investigações separadas.
 



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