quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Líder indígena é assassinado em acampamento guarani

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Povos Indígenas
04.12.2013
Líder indígena é assassinado em acampamento guarani

Adital
Foto: Survival InternationalDestaque no filme "Terra Vermelha”, ao narrar a retomada de terras dos ancestrais dos guaranis, o líder indígena Ambrósio Vilhalva, 53, do acampamento Guyraroká, no Estado do Mato Grosso do Sul, foi morto no último domingo, 1° de dezembro, a facadas, segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

De acordo com a entidade, Vilhalva foi morto em sua própria aldeia, no caminho de casa. A Polícia Civil suspeita que o crime tenha sido motivado por brigas internas na aldeia, impulsionadas pelo consumo elevado de álcool entre os índios.

A polícia prendeu em flagrante o sogro de Vilhalva, Ricardo Quevedo, apontado como autor da morte- Quevedo nega. De acordo com o delegado Antônio Carlos Videira, o líder guarani tinha três mulheres, sendo duas delas mãe e filha. Ambas, diz o delegado, afirmaram que viram Quevedo - respectivamente pai e avô delas - entrando na casa de Vilhalva naquela madrugada e depois saindo correndo.

Ainda conforme a investigação, momentos antes do crime, os dois consumiam álcool com outros índios em Guyraroká, intensificando ainda mais os conflitos que existiam na aldeia e em terras vizinhas.

Alcoolismo e poucos espaços para os indígenas intensificam mortes

A morte do líder pode também estar relacionada aos impactos dos processos históricos impostos aos Guarani Kaiowá, como a perda de territórios e o confinamento de muitos índios em reservas pequenas. Tais experiências transformaram o modo de vida dos índios e diminuíram a convivência pacífica entre eles. Nesse sentido, o consumo de bebidas alcoólicas proliferou entre os indígenas, atingindo muitos Guarani Kaiowá, inclusive Ambrósio. A morte do líder guarani provocou manifestações de ONGs ligadas ao movimento pela retomada de terras indígenas, como o Cimi.

O assessor do Cimi, Egon Heck, acredita que as eventuais motivações pessoais para o crime, como o homicídio de Vilhalva, não é um caso isolado. Relaciona-se,questiona Heck, ao ambiente tenso provocado pelo "confinamento dos índios" a pequenos espaços. Os grupos indígenas possuem poucos hectares e, atualmente, a população indígena tem problemas com alcoolismo, subnutrição e altas taxas de suicídio. Ainda de acordo com o assessor, o desfecho dessa morte é uma consequência de elementos regionais impostos, como o cultivo de cana e soja, e a criação de gado em suas terras.

Há 45 mil guaranis-caiovás nas aldeias de Mato Grosso do Sul, segundo o Cimi. Só os do território Guyraroká, de Vilhalva, são entre 80 a 100 pessoas. Em 2012, a taxa de assassinatos entre guaranis foi quatro vezes maior que o índice nacional de homicídios no Brasil, que já é por si só um dos mais elevados do mundo. A taxa nacional de homicídios no Brasil em 2012 foi de 25,8 por 100 mil habitantes. De acordo com o órgão, 34 guarani no Estado do Mato Grosso do Sul foram assassinados em 2012, de uma população de 31 mil.

Atualmente, conforme Heck, os índios do Guyraroká vivem em condições sub-humanas, dependem de cesta básica, já que o plantio de feijão, batata e outros alimentos não são suficientes.

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