sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Aqueles dias com Martin Luther King

ihu
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/523167-aqueles-dias-com-martin-luther-king

Aqueles dias com Martin Luther King

Martin Luther King falava olhando para o céu. Parece incrível agora, enquanto falamos a respeito como que em um livro de história, que naquele palco do Lincoln Memorial de Washington dois rapazes brancos, Bob Dylan e Joan Baez, tenham logo conquistado a multidão, na imensa praça e em toda a América que acompanhava "ao vivo"
O relato é do deputado, jornalista e escritor italianoFurio Colombo, em artigo para o jornal Il Fatto Quotidiano, 27-08-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
O escritório de Martin Luther King, na parte de trás da igreja batista da Auburn Avenue, em Atlanta, era muito pequeno, ou ao menos pequeno demais para a sua mesa. Naquele dia, ele falava de pé, sempre com a camisa branca e o nó muito apertado. Entre a mesa e a porta, havia apenas lugar para poucas cadeiras volumosas, talvez doado por uma escola. Eu participava pela primeira vez. Andrew Young (que depois se tornaria embaixador das Nações Unidas) tinha me convidado. Havia, como sempre, Jesse Jackson e Joshua Williams. Havia também o informante do FBI, que acompanhava cada movimento de King. Todos fingiam não saber disso, e nem depois foi dado o seu nome.
Era o início de 1961, e esse foi o meu primeiro encontro com Martin Luther King (Doctor King, diziam todos em Atlanta), pastor de uma igreja batista, organizador político e já conhecido como pregador carismático. Dois meses depois, em Nova York, devíamos ser cerca de 20 pessoas, na bela casa de Jean Stein, no Dakota Building, o edifício que se tornou célebre muitos anos depois pelo filme O bebê de Rosemary, de Polanski, e depois nunca esquecido, porque John Lennon foi morto, em uma noite de dezembro, no portão da grande casa que estava voltada ao Central Park.
Jean Stein, filha de um produtor de Hollywood e esposa do vice-ministro da Justiça de Kennedy, já era conhecida como defensora das causas liberais mais audazes (extremistas, teria dito o chefe do FBIJ. Edgar Hoover). Naquela noite, ela queria apresentar aos seus hóspedes um jovem negro com um bigodinho, o sorriso pronto e um forte aperto de mão. Ele já tinha estado duas vezes em Nova York, em busca de ajuda. Nunca em uma casa como esta.
Estavam David Halberstam e Tom Wolfe, com Guy Talese, portanto o "novo jornalismo", estava Kay Graham, proprietária do Washington Post, a jovem Barbara Walters, que se sabia que se tornaria Anchor Woman(apresentadora) do telejornal da ABC. Estava o fundador e chefe da CBSBill Paley, com o protagonista do programa jornalístico 60 MinutesMike Wallace, ao qual George Clooney dedicaria o seu filme Boa Noite e Boa Sorte tantos anos depois.
Todos sabíamos das marchas e da não violência, mas era a primeira vez que, nesse nível, Martin Luther King podia encontrar, falar, explicar e pedir apoio a um grupo como esse. A anfitriã o apresentava como ele queria na Geórgia:"Doctor King". Era um doutorado em teologia, e o jovem reverendo da Southern Christian Leadership Conference, da qual ele era fundador e presidente, tinha entendido que ser "o doutor King" embaraçava os policiais das cidades grandes e pequenas dos Estados do Sul, onde ele organizava as suas manifestações, as suas marchas, os seus comícios contra o racismo e o apartheid, e onde ele era continuamente preso por "conduta desordeira"...
Ele nunca quis ser "o reverendo King", com a mesma intuição de que, nos mesmos anos, ele estava guiando um jovem e ainda não conhecido professor de Harvard a ser, rigorosamente, em todas as ocasiões, "doctor Kissinger", em vez de "professor", porque esse título expira assim que se deixa de lecionar.
Em um certo ponto, Jean Stein pediu silêncio, os garçons com as bandejas de bebidas se detiveram, e o doutor Kingfalou. Tinha uma sensibilidade muito forte (rara nos pregadores) pela diferença entre espaço público e espaço privado, ou entre o pódio (mesmo que fosse uma caixa) e 20 pessoas interessadas em ouvir.
Portanto, ele falou de modo quase confidencial. Mas os dois passos de distância tinham importância. Ele assumia a responsabilidade de quem traz um anúncio. Ele parecia não notar a relação amigável ou a evidente benevolência de quem o hospedava e de quem o ouvia. Importava-lhe o peso dos fatos. O confronto entre brancos racistas e negros excluídos nos Estados do Sul estava por se tornar revolta. Não era o caso de ser "bom" e "religioso". Ele tinha que ser claro.
Lembro-me esta frase: "Não estou falando a vocês sobre o melhor e o pior, nem sobre justiça e injustiça. Estou lhes falando sobre a diferença, em um grande país, entre conviver e dividir-se". Ele antecipou, em uma narração dos eventos que duraria não mais do que poucos minutos, a grande e ainda obscura verdade de que a África do Sul logo seria a prova. "O racismo anula a dignidade de um país. Anula e mata".
Na marcha de Birmingham (Alabama), no ano seguinte – a multidão já era de muitos milhares, as suas manifestações eram notícia nos telejornais da noite –, eu estava pouco distante, juntamente com Andrew Young e Jesse Jackson, quando ele foi preso. Eu dei um passo à frente para pagar a fiança, que era de 100 dólares, e ele me pediu para não fazê-lo. "Esta é a nossa história – disse-me –, cabe a nós mudá-la". O expediente para impedir que a polícia, até com canhões de água e cães-lobos, dissolvesse as fileiras e dividisse as marchas era que cada um segurasse no braço do outro de modo a formar cortejos em malhas muito estreitos.
Quando estavam, como em SelmaJoan Baez e Bob Dylan, o cordão se formava ao redor e atrás das suas costas, de modo a empurrá-los e detê-los ao mesmo tempo, para que pudessem tocar os violões, mas também para impedir que fossem isolados e presos. A imagem de uma dessas marchas com Baez e Dylan à frente tornou-se a capa de um livro meu (Invece della violenza, Ed. Bompiani, no mesmo ano).
Mas o grande evento tinha ocorrido antes, em 1963, no dia 28 de agosto, a marcha sobre Washington de 250 mil negros, o discurso I have a dream, a reviravolta inesquecível do movimento pelos direitos civis, que mudaria profundamente os Estados Unidos, apesar do sangue e dos crimes, até a ainda incrível presidência de Barack Obama.
Na Auburn Avenue e no pequeno escritório com a mesa grande demais que nunca mudou (mas a casa era na própria Avenue, a poucos quarteirões de distância), os preparativos eram intensos e frenéticos, embora todos soubessem da marcha, e ninguém, do discurso.
Sabia-se que ele sempre o trazia na jaqueta, mas a jaqueta era apertada, e as folhas brotavam do bolso interno. Ele os tirava e os entregava à esposa, Coretta, ou a Andrew Young apenas pelo tempo das entrevistas televisivas cada vez mais frequentes. Mas ninguém tinha lido o texto. Já era um lugar-comum que Martin Luther King era um grande orador. Mas I have a dream – dito de ímpeto, sem ler o texto, quando uma voz lhe gritou: "Martin, conte-nos sobre o teu sonho!" – surpreendeu o mundo, pela grandiosa simplicidade daquele sonho totalmente fundamentado na fraternidade dos brancos e dos negros, uma verdadeira declaração mundial de conversão da humanidade e de fim do racismo. E pelo estupor da grandiosa improvisação.
Martin Luther King falava olhando para o céu. Parece incrível agora, enquanto falamos a respeito como que em um livro de história, que naquele palco do Lincoln Memorial de Washington dois rapazes brancos, Bob Dylan e Joan Baez, tenham logo conquistado a multidão, na imensa praça e em toda a América que acompanhava "ao vivo" (os rádios, as TVs de todo o país).
E três rapazes brancos (PeterPaul e Mary) fizeram-lhe a escolta, cantando e ficando sempre às suas costas, como guardas com o violão. Dylan começou, sem anúncios e apresentadores, When the ship comes in, e "a sua voz nunca parecera tão jovem, e o seu violão, e o violão e a voz de Baez se uniram como no repicar de um dia de festa", escreveuJames Baldwin.
Joan Baez cantou várias vezes We shall overcome em versões que, segundo o Village Voice daqueles dias, "permanecerão únicas". PeterPaul e Mary, executaram as suas versões, jovens e corajosas, dos cantos do trabalho nos anos da depressão, trazendo um tom fabuloso de festa das crianças. De fato, a multidão gritava como se grita em uma festa, não em um grande evento político.
Quando King se aproximou do microfone, o silêncio era como um enorme recipiente de expectativa. Partiu como um canto o ritmo da voz do líder pregador, e começou a grande viagem rumo ao sonho, que tem a grande força de não acabar, mesmo depois dos tiros de um fuzil de precisão que o matou (4 de abril de 1968), no pátio do Lorraine Motel, emMemphis. Mesmo agora.
Foi aquele discurso de 1963 que lhe mereceu o Nobel que Martin Luther King ecebeu em 1964. Foi aquele discurso que mudou radicalmente os Estados Unidos, leis e sentenças. No entanto, essa grandeza, conhecida e celebrada em todos os Estados Unidos e, agora, no mundo, não mudou muito, não por enquanto, o comportamento dos governadores, dos juízes, da polícia dos Estados do Sul ainda marcados pelo racismo.
Martin Luther King, o líder de I have a dream (a quem John Kennedy tinha escrito "obrigado" com uma carta comovida), o primeiro líder negro do mundo a receber o Prêmio Nobel da Paz, teve que se entregar à prisão deBirmingham em fevereiro de 1965.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

fechamento da BR 163 mt

da lista de discussão do FDHT

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Jefferson nascimento <jeffersonacai@gmail.com>
Data: 27 de agosto de 2013 18:31
Assunto: fechamento da BR 163 mt

companheirada,
ajudem a divulgar.


Nesta terça-feira o movimento dos trabalhadores rurais sem terra,
voltou a bloquear a rodovia 163 no trecho próximo á SINOP, devido uma
serie de pautas antigas que os órgãos responsáveis ate agora não
atenderão.
As pautas vão desde o assentamento de 150 famílias, regularização dos
assentamentos do movimento na  região norte ate o cancelamento do
leilão UHE SINOP .
Mais de 60 famílias do assentamento zumbi dos palmares estão ameaçadas
de despejo, além de vários camponeses do assentamento 12 de outubro
que poderão perde suas terras com o alagamento da barragem. E ate no
momento não se teve nenhuma resposta concreta, por isso os camponeses
continuarão fechando a rodovia 163.

marciano mst
jefferson mab



Funai pede sanção contra Norte Energia por não cumprir condicionante de Belo Monte

ihu
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/523096-funai-pede-sancao-contra-norte-energia-por-nao-cumprir-condicionante-de-belo-monte

Funai pede sanção contra Norte Energia por não cumprir condicionante de Belo Monte

A Fundação Nacional do Índio (Funai) enviou ofício ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) comunicando que aNorte Energia SA se recusa a cumprir uma das condicionantes indígenas de Belo Monte, prejudicando a comunidade dos índios Juruna do KM 17, uma das mais impactadas pelas obras da usina. O ofício foi enviado no dia 21 de agosto ao presidente do Ibama, Volney Zanardi, assinado pela presidente da Funai, Maria Augusta Assirati.
A reportagem é publicada pelo Ministério Público Federal do Pará – MPF/PA, 26-08-2013.
A comunicação de descumprimento atende uma recomendação do Ministério Público Federal e pede que a empresa sofra as sanções previstas na legislação, de multa à suspensão da Licença de Instalação. A decisão está nas mãos do Ibama, mas segundo o próprio Instituto só quem poderia detectar descumprimento das condicionantes indígenas seria a Funai, já que o órgão ambiental não lida com os impactos do empreendimento sobre os índios.
“Tendo em vista a responsabilidade do órgão licenciador, solicitamos que sejam adotadas as medidas pertinentes previstas na legislação ambiental no sentido de responsabilizar o empreendedor pelo descumprimento da condicionante”, diz o ofício, acompanhado de uma nota técnica que relata as negociações desde 2009 com a Norte Energia para que a obrigação de comprar terras para os Juruna do KM 17 fosse cumprida.
“Após análise técnica dos últimos fatos e procedimentos, bem como do posicionamento do empreendedor em relação à condicionante determinada desde 2009, podemos afirmar que a mesma não teve cumprimento integral. Seu descumprimento, além de potencializar todos os impactos identificados no EIA, favorecem o surgimento de outros, bem como expõe a comunidade Juruna da Aldeia Boa Vista a uma situação de vulnerabilidade, colocando em risco a integridade sociocultural e física daquela população”, diz Maria Augusta Assirati no ofício à Volney Zanardi.
A compra de terras para mudança das casas dos Juruna do KM 17 foi considerada necessária antes da Licença Prévia de Belo Monte porque a aldeia fica muito próxima da estrada que liga Altamira à Vitória do Xingu, por onde passam todas as máquinas e trabalhadores de Belo Monte. Como não se trata de um território de ocupação tradicional – os moradores dessa aldeia já tinham sido expulsos de suas terras tradicionais – não cabe reconhecimento e sim aquisição de terras. Por isso, de acordo com a Licença Prévia, cabia à Norte Energia a eleição e a compra das terras.
Em documento enviado ao MPF, no entanto, a Norte Energia comunicou que não iria cumprir a obrigação porque considerava ser encargo do governo federal. O documento foi assinado por Arlindo Gomes Miranda, da assessoria jurídica da presidência da Norte Energia. De acordo com a nota técnica da Funai, “até abril de 2012 o empreendedor demonstrou pleno entendimento sobre a condicionante”.
“Por se tratar de uma condicionante prevista há mais de quatro anos, que deveria ter sido finalizada há pelo menos 2 anos, antes da Licença de Instalação, o revés provocado pela empresa e não definição fundiária compromete todas as ações previstas para a comunidade Juruna da Aldeia Boa Vista”, diz a nota técnica enviada ao Ibama.
“Entendemos ser necessária a aplicação de sanção – conforme previsto na legislação do licenciamento ambiental – ao empreendedor, uma vez que o atraso no cumprimento da condicionante tem colocado a comunidade indígena Juruna do Km 17 em alto grau de vulnerabilidade e tendo em vista que o empreendedor já oficializou que não irá cumprir a condicionante”, conclui a Funai.

Carvão, um tesouro gaúcho? Greenpeace vê retrocesso em decisão do governo

ihu
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/523076-novos-lances-para-um-tesouro-gaucho

Carvão, um tesouro gaúcho? Greenpeace vê retrocesso em decisão do governo

Uma chama de esperança se acendeu para uma riqueza de 28 bilhões de toneladas depositada no subsolo do Rio Grande do Sul. Alijadas há cinco anos dos leilões de energia, as usinas a carvão voltaram a ser consideradas pelo governo federal como uma fonte segura de suprimento para períodos de baixa dos reservatórios de hidrelétricas. A decisão renovou as chances de projetos de R$ 12,7 bilhões saírem do papel no Estado.
A reportagem é de Caio Cigana e publicada pelo jornal Zero Hora, 25-08-2013.
A despeito da polêmica ambiental em torno da extração e queima do combustível fóssil, o aperto na oferta de energia no último verão devido à falta de chuva no Sudeste e no Nordeste levou Brasília a ceder e a programar para este ano dois leilões com a participação de projetos a carvão. O primeiro, marcado para quinta-feira, prevê a entrega dos empreendimentos em 2018 e tem três usinas habilitadas no país.
Duas são no Rio Grande do Sul, mas apenas a termelétrica de Seival, em Candiota, deve participar. A usina de 600 megawatts (MW) da MPX, empresa que o ex-multibilionário Eike Batista passou para o controle do grupo alemão E.ON, é orçada em R$ 3,1 bilhões. O segundo leilão, programado pelo governo federal para dezembro, pode ter a participação de outros três projetos do Estado, com investimento somado de R$ 8 bilhões.
Para o presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM)Fernando Zancan, ficou escancarada a necessidade de o carvão ganhar maior importância na matriz energética brasileira. Enquanto no mundo o mineral corresponde a 41% da capacidade instalada, no Brasil a participação cai para apenas 2,2%.
– Ficou muito clara a necessidade de o Brasil ter um parque termelétrico. E o combustível disponível e mais barato é o carvão – sustenta Zancan, comparando o insumo ao óleo diesel e ao gás natural, que também enfrenta escassez de oferta.
Devido à abundância, o carvão também é considerado a melhor opção para dar estabilidade ao sistema elétrico do Rio Grande do Sul, que, por ficar na ponta da rede interligada nacional, corre risco de apagões quando a geração hídrica diminui no Sudeste.
Brasil tem 12 térmicas à base de carvão aptas a gerar energia
À frente das tratativas relacionadas a projetos de carvão no Estado, o gerente-executivo da Secretaria de Infraestrutura e Logística (Seinfra)Rui Dick, avalia que o país não pode abrir mão de nenhuma fonte de energia em função da demanda apresentar um ritmo de crescimento superior à velocidade do avanço do PIB. Com isso, há espaço para o Rio Grande do Sul emplacar pelo menos uma usina por ano nos leilões de energia.
– O Brasil tem de injetar de 4 mil a 5 mil MW na matriz nacional por ano e de 20% a 25% disso deve vir de térmicas. Não podemos nos dar ao luxo de descartar nenhuma fonte. E o carvão, olhando globalmente, é o bem mineral mais bem distribuído, via de regra barato e com preços estáveis. A vocação do carvão gaúcho é a termeletricidade, com usinas localizadas bem próximas às minas – afirma Dick.
O Brasil conta hoje com 12 térmicas à base de carvão aptas a gerar energia, sendo quatro no Rio Grande do Sul, com seis minas em operação. Para Oniro Camilo, presidente do Sindicato dos Mineiros de Butiá, o retorno da fonte aos leilões abre caminho para o setor retomar pelo menos parte da pujança de décadas anteriores, quando apenas as duas maiores mineradoras gaúchas empregavam mais de 8 mil pessoas, quatro vezes mais do que o quadro atual.
– A nossa esperança é que os leilões abram a possibilidade de novos investimentos, já que o Rio Grande do Sul tem 89% das reservas nacionais de carvão. A estiagem do final do ano passado fez com que os olhos se voltassem para o carvão – observa Camilo.
Greenpeace vê retrocesso em decisão do governo
Por ser considerada a mais poluidora das fontes de energia, o carvão é alvo de forte oposição dos ambientalistas. Para aONG ambiental Greenpeace, a decisão do governo federal de voltar a recorrer ao combustível fóssil para geração elétrica é um retrocesso.
– É uma sinalização política muito forte de que no futuro o governo planeja mudar a nossa matriz e, em vez de aumentar a participação das fontes renováveis, vai investir em fontes sujas. É preocupante a volta do carvão – ressalta a coordenadora da campanha de clima e energia do GreenpeaceRenata Nitta.
A organização contesta as justificativas de que as térmicas a carvão são imprescindíveis para ajudar a assegurar a oferta de energia principalmente em períodos de baixa dos reservatórios de hidrelétricas.
– O período de seca é quando a velocidade dos ventos aumenta e a produção de biomassa é maior. Então, essa complementariedade poderia ser feita com outras fontes que não o carvão – sustenta Renata.
Para o Greenpeace, as contraindicações do carvão vão desde os impactos ambientais na extração à queima para a geração de energia por ser "a fonte que mais emite gases de efeito estufa". Aponta riscos na contaminação de lençóis freáticos e na emissão de material particulado e enxofre, associados à poluição do ar e danos à saúde da população, como doenças respiratórias crônicas.
Devido à falta de investimentos que as tornou deficitárias e poluidoras, duas unidades tecnologicamente defasadas no Rio Grande do Sul estão fadadas ao fechamento. Mais antiga usina a carvão em funcionamento no país, a termelétrica São Jerônimo, em São Jerônimo, na região carbonífera do Estado, vai cerrar as portas no final do ano, logo após completar 60 anos.

Em Candiota, no sul gaúcho, a Fase A da usina Presidente Médici fecharia este ano, mas um acordo com o Ibamaadiou o fim da geração para 2017.

Monsanto expõe seu calcanhar-de-aquiles

outras palavras
http://outraspalavras.net/blog/2013/08/24/monsanto-expoe-seu-calcanhar-de-aquiles/


Monsanto expõe seu calcanhar-de-aquiles

130824-Monsanto
Cresce, agora nos EUA, movimento pela rotulagem dos transgênicos. Empresa lança vasta campanha sobre “benefícios” de seus produtos, mas não explica por que procura ocultá-los do público
Por Taís González
Nada como um teste prático, sob pressão social, para verificar o que há por trás dos discursos de “respeito ao consumidor” e “responsabilidade social” das grandes corporações. Nos últimos anos, a Monsanto – maior empresa agrícola do mundo e principal desenvolvedora de sementes transgênicas – multiplicou seus investimentos em publicidade. Passou a atuar de modo intenso nas próprias redes sociais. Desdobrou-se para “demonstrar” que seus produtos são benéficos, para a saúde humana e o ambiente.
Agora, estas alegações estão sendo testadas em seu próprio país de origem – os Estados Unidos. Em 5/11, um plebiscito no estado de Washington poderá assegurar, aos consumidores, o direito de ser informados (por aviso na embalagem) sobre a presença de transgênicos em alimentos, bebidas e sementes. Foi convocado por iniciativa popular. A empresa age contra ele, mas enfrenta forte dificuldade. Uma pesquisa recente, do New York Times, revelou que 93% da população defende a rotulagem.Os novos esforços de marketing da Monsanto estão descritos num texto do site Alternet. Em julho passado, o site Holmes Reportvoltado ao mundo das relações públicas, informou que a corporação buscava assessoria especializada para gerenciar sua crise de imagem. Depois de ter recebido o título de “Pior empresa do ano” (em 2011), ter enfrentado uma onda global de protestos virtuais, iniciada em maio (que mobilizou mais de 2 milhões de pessoas), a mega-indústria liderou o lançamento do site GMOAnswers.com (“respostas sobre transgênicos”).
Financiado por mais de cinquenta multinacionais de alimentos, agronegócio e empresas de biotecnologia, ele promete responder todas as perguntas relacionadas aos organismos geneticamente modificados. Este esforço foi ampliado com declarações públicas de dirigentes da Monsanto, Em entrevista à DWUrsula Lüttmer, da sucursal alemã, afirmou que os investimentos da corporação visam a uma agricultura sustentável, que ajude a produzir mais alimentos, proteja os recursos naturais e promova um melhor padrão de vida.
130824-Monsanto2Estes argumentos têm sido amplamente desmentidos, também na internet. As culturas geneticamente modificadas enfrentam resistência desde que foram introduzidas, na década de 1990. As críticas, antes restritas a vozes solitárias, tiram proveito da rede para ganhar consciências e ruas. Sites como o March Against Monsanto [Marcha contra a Monsanto] ampliaram sua popularidade. Para 12 de outubro, estão convocando um protesto ao vivo, diante da sede mundial da empresa, em Saint Louis (EUA)
Mas o que a Monsanto parece mais temer – em contradição flagrante com sua promessa de transparência – são as iniciativas para rotular a embalagem de produtos que contenham transgênicos. De acordo com a própria corporação, isso equivale a colocar uma “caveira e ossos cruzados” nos pacotes de comida. Talvez por isso, a multinacional pressionou vigorosamente trinta estados norte-americanos, este ano, para evitar ou ao menos atrasar, as leis de rotulagem obrigatória; e ameaça processar outros (Vermont, Connecticut, Maine e Washington), se garantirem o direto a seus cidadãos o direito à informação sobre a origem do que ingerem.
Em Washington, a batalha tornou-se mais importante, porque envolve ampla mobilização social. Mais de 340 mil pessoas aderiram, no início deste ano, à campanha pela Iniciativa 522 (I-522), para garantir, em plebiscito, a identificação de organismos geneticamente modificados (OGMs). Convocada a consulta, a iniciativa passou a ganhar cada vez mais adeptos. Um site especialmente criado para divulgá-la oferece leituras sobre o tema, notícias, material de campanha, opiniões conceituadas (como a de chefs de resataurantes) e alista voluntários.
Lobby permanente: O temor da Monsanto diante da mobilização social desnuda outro aspecto importante de sua forma de agir: a prática permanente de lobby. Em março deste ano, o Congresso norte-americano aprovou (e o presidente Barack Obama sancionou) lei que restringe as ações na Justiça para deter o avanço dos OGMs. Empresas de biotecnologia não mais precisam da aprovação de um juiz para testar produtos ou comercializá-los (a norma ficou conhecida ironicamente como “lei de proteção à Monsanto”). Não é mais segredo que ex-figurões da companhia integrem altos escalões das cadeiras governamentais nos EUA. Um exemplo é Michael Taylor, que durante as duas últimas décadas alternou sucessivamente seu trabalho como advogado da Monsanto e chefe da regulamentação alimentar dos EUA,Food and Drug Administration (FDA).
Embora os órgãos reguladores dos Estados Unidos tenham demonstrado pouca preocupação pelos OGM, a pressão social segue aumentando. De acordo com o Projeto Não-OGM, vários Estados consideram uma legislação que exija a rotulagem de alimentos feitos a partir de milho geneticamente modificado, soja ou outras culturas. No site do projeto, você encontra uma lista de produtos que não contém organismos geneticamente modificados e informações consistentes relacionadas ao tema. Além disso, “em resposta à flagrante violação de direitos dos estados para legislar”, o Organic Consumers Association (OCA) lançou uma petição para observar todos os membros do Congresso que apoiarem as investidas da Monsanto e seus aliados.
No Brasil, a rotulagem de alimentos transgênicos foi decretada em 2003. Empresas da área da alimentação, entre outras, são obrigadas a identificar com o símbolo preto T sobre um triângulo amarelo os produtos que contenham mais de 1% de matéria-prima transgênicas. Na prática, a norma é frequentemente descumprida e há constantes tentativas para revertê-la.
Uma das consequências dos cultivos de OGMs no país é o uso abusivo de venenos agrícolas. Em boa parte dos casos, a transgenia significa alterar o código genético das plantas para que se tornem capazes de suportar mais agrotóxicos. Embora seja o terceiro maior produtor agrícola do mundo, o Brasil está em primeiro lugar no consumo destes produtos, desde 2008. E ainda é o principal destino dos defensivos agrículas barrados no exterior. Estima-se que, por ano, a quantidade de agrotóxicos jogados nas lavouras é cerca de 5,2 litros por habitante.